quinta-feira, 28 de julho de 2016


Uma Vida, tantas vidas!


Deixei voar as filhas que me deste
como flechas arremessadas com amor
Partiram do ninho onde nasceram
e onde também moras, meu Senhor!
Deste-me o dom da maternidade
de poder tê-las em mim, vê-las crescer
saborear o instante de cada idade
cada medo, vitória, sem esmorecer
quando os dias pesavam de cansaço.
De poder tê-las, bebés, em meu regaço
de poder abrigá-las num abraço...
quero louvar-Te, ó Deus, até morrer!
Já não há passos jovens lá por casa
a chegar com muita coisa p'ra contar.
Caminho agora numa nova estrada
que sei que a Ti também vai dar.
Há agora passinhos de crianças
braços gordos em volta do meu colo
novos amores continuação dos meus amores
a juntarem-se a um passado de lembranças.
Só as noites se tornaram mais vazias
sem as vozes que trazem alegrias
de cada dia cheio e bem passado.
Agora há mais silêncio no descanso
como um regato que escorre no remanso
de pedras soltas onde nasce o musgo.
E eu e o companheiro que me deste
continuamos a nossa caminhada.
Somos um só, a mesma meta desejada,
a descobrir-nos de novo, a renascer
como casal que inda precisa de crescer
até um dia encontrar Tua morada!

                      Luísa, Julho 2016